quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A Deus, por vovó Albanisa

(17/04/09)

Se existe algo de bom nessa vida é a paz de conhecer a Deus. Ele não apenas nos ama infinita e incondicionalmente, como cuida de nós como se fôssemos de sua própria família. Não é todo dia que paro pra pensar na profundidade do amor de Deus. Talvez deva passar a ser um tópico de minha agenda: pense hoje sobre o profundo amor de Deus. Quem sabe, deva ser tópico da agenda de todo mundo. Seria bom se todo mundo parasse pra pensar nisso. Aí, tudo faria mais sentido.

Tipo, sabe aquele pôr-do-sol bonito que a gente contempla rapidamente na hora do rush quando a gente está correndo contra o tempo, saindo de um compromisso para dar tempo chegar em outro? Pois é... se a gente passar a pensar no profundo amor de Deus, certamente a gente vai ver um quadro pintado pelo Senhor, diferente a cada dia, desde que existe céu, para enfeitar nossas tardes e noites... O sol, o ouro que ele fica refletindo nas nuvens, que formam desenhos que seguem nossa imaginação, às vezes mais vermelhinho, às vezes mais azulzinho, é um lugar bonito de se ver de longe. (Imagina de perto!!)

Aí, sem que eu esperasse, embora soubesse que mais cedo ou mais tarde, ia acontecer, minha vovó se despede. Eu sento, enxugo o rosto e vejo o céu lá... formando aquelas coisinhas bonitas... se bem que hoje estava um tempo tão fechado... (também pudera... até o céu chorou hoje...) as nuvens cinzentas ainda formavam desenhinhos... E eu pensei: vovó está lá. É claro, é claro, eu sei que é poesia e que o céu que ela está não é esse. Esse é o nosso céu, lindão, mas formado só de gases, aquela coisa que a gente aprendeu a chamar de atmosfera. Quem estuda entende melhor. É por isso que esse céu estava mesmo chorando hoje. Nós, por sermos ainda desse mundo, assim como o céu, choramos.

Choramos muito... Mas, lá dentro, há algo mais precioso do que nossa natureza humana, que alcança um Céu além do céu que chove. (O coração que enxerga as coisas de Deus. Você tem um desses?) Nesse Céu, ahh.. foi aí que vovó entrou e foi coroada de graça. E eu fiquei pensando: Se esse céu que a gente vê já é lindão, como deve ser o Céu em que vovó está morando? Eu sinceramente não sei. Só sei de uma coisa: Deus está lá. Então, deve ser, simplesmente, maravilhoso...

"Vovó, a senhora já viu Jesus? Primeiro que eu, hein, vó? Aproveita bem muito pra abraçá-lo e explora bem a sua nova casa, vó. Ah, agora a senhora pode fazer alguma pra si, né, vó? Já tava na hora de deixar de se preocupar com a gente. Eu digo "pra si" não pra ser egoísta, até porque aí não dá, ne? rsrsrs. Eu digo pra senhora aproveitar os prazeres da vida eterna, ou seja, glorifique bem muito o Rei Jesus, voe, cante com os anjos todos!! Eita do coral lindão! Ah, vó! Canta "Sê fiel até a morte e eu te darei a coroa da vida, sê fiel, sê fiel..." Os anjos, em coro, vão amar cantar contigo! Ah, me espera, tá? Eu nem sei se aí da pra esperar, já q nao está no tempo, ne... Espero viver ainda uns 80 anos, hehehe, mas pra senhora não vai ser tanto assim... Te amo tanto, vó!! Saudades de você, viu? MUITOOOOO"

Já imaginou se ela pudesse ouvir? Mas que tolisse... Pra quem está ouvindo o mais lindo coral e a voz do doce Jesus, um palavreado desse soa até como tagarelice de uma criança que não sabe o que diz.

Mas um dia, quando eu entender tudo o que ela agora entende, vou dizer, no corpo restaurado, quão bom pra mim é poder revê-la... Em casa... em casa...


Que paz, enfim... Que amor profundo, o amor desse nosso Deus, não é? Demais...

Poeminha para vovó

Doce criança foste
Criada em casinha pobre
Rias-te do que quer que fosse
Admiravas-te da luz do poste

Quando vinhas do sertão
E a cidade avistavas
Ingenuamente ao papai
Encantada, perguntavas:

Que são aquelas luzinha
Em cima dos pé de pau?
Nunca vi tanta estrelinha
Que coisa mais sem igual!

Em dor e pobreza cresceste
Bem cedo a boneca deixaste
Aos quinze anos casaste
E logo mamãe te tornaste

Vida para ti não tiveste
Sempre para alguém tu viveste
O que queres? O que queres?
Nunca soubeste. Nunca soubeste.

E hoje eu me questiono
De onde vem tanta luz?
Certamente, Deus em seu trono
Contempla-te com Jesus.

São as luzes de teu olhar
Sofrido, vivido, de tanto amar
Como posso não chorar
Em te ver agonizar?

Quero ser como tu és
E ingenuamente admirar
As luzinha no pé de pau
E o brilho de um olhar

A Jesus eu vou clamar
E Ele há de escutar
Sobre ti, derramará
Santo óleo para curar

E eu vou me ajoelhar
Para a Deus agradecer
Vou te ver glorificar
Pela cura em teu viver

Se Deus quiser,
Por seu poder,
Espero te ver curada
E por isso agradecer.

Te amo até à eternidade.



quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ia

'Quanta sabiduria', diria o vô.


Desenvolver o cultismo
para os estudiologistas
domínio das terminografias
Ias

Oncologia
Ontologia
Antologia

Miopia
Hipermetropia
Oftalmologia

Hidroterapia
Hidrofobia
Hidrocefalia

Escatologia
Apologeticologia
Bibliografia

Sabiduria
Passageirologia
Finografia.





quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

---dos poemas que eu bebo.


eu neles poemas de dor dos amigos
sigo a valsa extasiada de amor de amigos íntimos
sobre suas ondas cores infindas poemas.




f l u t u o
Sobre a poesia


e eu aqui sozinha, sem inspiração.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Veloz

"Grita na rua a Sabedoria, nas praças, levanta a sua voz"(Pv. 1.20)








Quem ouvirá a Dama de ouro?

Quem voltará atrás?

Corre, percorre a vida veloz.




Quem sentirá a Moça Dourada?

De ouro banhada e seu lugar

Tesouros fora do tempo veloz.




Quem achará a Rainha procurada?

Perdida ou até aqui não achada?

Quem subirá a encontrá-la veloz?




Os pés dos que correm ao abismo?

Os precipitados no redemoinho?




Alheias lhe pretendem o lugar

Loucura veste-se de prata

Morte, de bronzeada




Olhai só a Moça Dourada

Eterna Majestade, honrada

Sigam-lhe os pés nas calçadas.






quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Bem-me-quer-mal-me-quer

Omite-se a verdade pelas praças.
Cala-se em alto e bom tom.
Disfarce das meias palavras.
Insiste o mau em ser bom.

Hoje é o dia da acusação.
Amanhã, a própria condenação.
Quem te conhecerá, coração?
Eis a questão, eis a questão.

Onde só o bem foi plantado
Nasce o mal inesperado.
Quem antes era respeitado
Baixa a fronte envergonhado.

Quão inúteis, os gritos
Proclamação ao vento
O espelho dá o veredito
Reflexo do tormento.

Louco pretensioso
Pensamento vaidoso
Esvoaçado frente à culpa
Pinta a face de bondoso.

Nenhum outro estranho
Além de mim e de você
Somos o mal e o tanto
Que não queremos ser.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O amor no sertão



-O quê? Nem precisa perguntar: Eu te amo, Teresa! Eu te amo! Te amo, te amo, te amo!
-Mas eu...
-Ah, sim, entendi! Certeza! Caso, sim! Caso!
-Não, era só...
-Massagem? Faço sim! Faço! Qualquer coisa!
-oO... Erh... Jo..ão.., era só para pedir que me mande aquele texto outra vez, para eu corrigir...

O amor chegou pra Teresa como a chuva no sertão. Teresa chegou pra o amor perplexa como... como ela só... E o eclipse se deu ao amanhecer, diante dos seus olhos!

O amor, tal qual semente, algumas vezes dá no sertão da vida, sem que se regue ou se plante. Às vezes, o amor se planta e dá até muitos bons frutos. Tem vezes que o amor nasce entre pedras, ou entre espinhos.

Já me disseram que tem amor que, mesmo que se regue e se cuide, nunca dá fruto nenhum (esses, na verdade, são como a tangerina é para a laranja: uma laranja falsificada). Tem amor que cresce muito e logo morre. Tem amor vistoso e bonito, mas sem raíz. Tem amor florido e perfumado, dedicado e saudável... Tem amor doentio...

E tem amor que nasce como o de Teresa - é plantado no sertão da vida, observado e dedicado, à espera da chuva que o faz crescer... E a chuva esperada no sertão, que fica algum tempo desesperada, veio ali, para Teresa...

Chuva no seu sertão... E Teresa, em misto de surpresa e descrença, pôs-se a maravilhar-se com as gotas serôdias a regarem seu precioso pé de amor.


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Desconhecidos meninos sós

Desce em seco minha poesia
O verso sofrido que o contempla
Aponta para casa teu barco, menina
Garoto sujo da esquina
Penso na tua rotina, tua comida e me calo
Desce em seco a lágrima vertida
Tua história e a minha
Como família
Doce menina faminta.
E um só somos nós...
E se é mesmo isso verdade
Por que o silêncio prende a voz?
Nossa voz, nossos nós
Disfarçados entre nós
Fingimo-nos desconhecidos
Quando estamos a sós
O grito no silêncio se lança atroz
E lembra quem somos nós
Uma família faminta de amor
De toques, e da verdade dos fatos que fingimos
Desconhecidos

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sonho-escravo

Que a poesia que eu respiro seja capaz de pintar
As cores dos ventos que guiam meu tempo
Que as marcas do amor que te tenho te tatuem
E as marcas que em te ficarem me relembrem

Que em ti parte de mim esteja sempre acesa
Em mim o mar de teus olhos me inundarão
Que a poesia de tijolos e areia te fortaleça
E os sonhos que construímos não morrerão

E a força do tempo e do espaço
Ainda que gigantescas
Com o vento, verei se esvairem

Não me arranquem os sonhos
Os doces, a mão na minha
Nem daquele mar me privem.

sábado, 7 de novembro de 2009

Cheiro de coisa nova

Não sei vocês, mas eu gosto da sensação da novidade. Quando eu era criança, eu gostava de cheirar o cabelo e a roupa da minha boneca nova, porque tinha um cheirinho diferente... Cheirinho de chiclete, de frutinha... Era bom também cheirar o tênis novo, o ursinho novo, a caneta nova, o caderno novo. O cheiro do novo traz uma sensação de bem-estar que não sentimos com o que já estamos acostumados.

Nos últimos dias, tenho refletido sobre isso. Tem horas que a gente quer mudar tudo! Mudar o corte de cabelo, ou mesmo a cor... Mudar a posição dos móveis, mudar o estilo de vestir, mudar de shampoo, mudar de cidade... A gente vive buscando a novidade, aquela sensaçãozinha gostosa de começo.

Algumas vezes - quase sempre, na verdade - a sensação tem cor de Segunda-feira. Segunda-feira eu corto o cabelo; Segunda-feira eu compro minha agenda nova e organizo minha rotina; Segunda-feira eu entro na academia; Segunda-feira eu começo a estudar; Segunda-feira eu vou deixar de tomar refrigerante... E se a coisa não dá certo na Segunda... aí, só na outra Segunda... Faz mal começar qualquer atividade na Quarta ou na Sexta-feira. É regra, é inquebrável, tem que ser na Segunda.

Em Romanos 6.4, Paulo nos motiva sobre andarmos em 'novidade de vida': "Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida." Já imaginou? Cristo, quando ressuscitou, estava, certamente, com um corpo novo, o corpo que ascendeu ao Céu. Apesar de esse corpo ainda carregar as marcas da crucificação, ele era diferente. Tanto, que os discípulos sentiram dificuldades em reconhecê-lo. Era o mesmo corpo, porém, novo, renovado, restaurado.

Acho que deve ser assim, andar em novidade de vida. Depois que a gente passa a crer em Jesus, nada é tão velho que não possa ser renovado. Nada é tão comum que não tenha cheiro de novidade. Sou a mesma Jemima, tenho as mesmas manias, mas o dia nasce diferente todo dia, com novas chances de eu ser diferente. Eu vou carregar meu passado por onde eu for, e as minhas marcas me caracterizam como Jemima. Mas, de alguma forma, eu posso ser nova a cada dia. Andar em novidade. Não é simplesmente uma transformação que é nova no começo e, ao passar dos anos, vai ficando amarelada. É nova a cada amanhecer.

Confesso que, mesmo estando com Cristo, passo por momentos em que eu penso que está tudo na mesma, tudo velho, tudo igual sempre. E nessas horas é que eu preciso DAQUELA segunda-feira inspirada para começar uma nova fase, novos hábitos, sentir o cheiro do novo. Só que tem fases - como agora, por exemplo - em que a segunda-feira inspirada não chega! E olhem que eu comprei um tênis novo, da Olimpycus, para ver se surgia o ânimo para começar a caminhada na Segunda-feira - hoje já é Terça... agora, esperar que na próxima segunda, haja alguma inspiração...

Mas, se há a chance, em Cristo, do cheiro do novo me surgir a cada novo dia, que não me falte a esperança... Que terças e quartas e todos os outros dias da semana tenham cor de coisa nova, cheiro de novidade, formas e ares de começo. Que o ânimo me seja constante... E a fé me acompanhe na rotina de todo dia... E que eu não duvide das mudanças, dos crescimentos, das sementes que demoram - mas não falham - em brotar... Que eu creia na alegria da vida, no vigor da juventude, nas cores das flores... Que eu acredite e viva o amor... O amor tem cheiro de novo, tem aroma de novo... E que o amor me faça sempre nova a cada dia...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Sorrisos

Sorrisos dizem muito sobre a gente
E algumas vezes, sorrisos também nos mentem
De canto de boca, de boca aberta
De boca fechada
Sorrisos e gargalhadas...
Sorrisos me chamam atenção...
Sorrisos recheiam meus olhos
Sorrisos abobalhados
Sorrisos engraçados
Tímidos, envergonhados
Sorrisos disfarçados...
Sorrisos presos, sufocados...
Aqueles sorrisos que queremos esconder
Mas todo mundo vê, hehehe...
Sorrisos apaixonados
Sorrisos que pedem beijos...
Sorrisos fingidos
Para não magoar o contador de piada sem graça
Sorrisos que riem e que choram
Sorrisos que alimentam minha alegria...
Sorrisos que marcam sonhos
Memórias, fotografias
Sorrisos de olhos, sorrisos de corpo...
Quando a natureza sorri? Aiai..
Sorrisos que eu amo de vontade...
Sorrisos que deixam na saudade...
Sorrisos que me provocam sorrisos
Sorrisos cínicos, sorrisos pidões
Sorrisos atenciosos
Sorrisos, simplesmente
E tudo o que lembra o teu sorriso...

SE

Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.

Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!


Rudyard Kipling
Tradução de Guilherme de Almeida


(Agradeço a tio Ronaldo, meu tio psicólogo, conselheiro amoroso. Amo-te toda hora. Obrigada por me mostrar tão rico poema.)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A um grande amigo

Por detrás das montanhas
Vi o sol nascer devagar
Espreguiçava-se na brisa
Era tanta a sua preguiça
Eu o via raiar.

Era um raiar doce
Doce raiar de amigo
Um amigo em mim nascia
Você em mim, o meu brilho
Eu o via chegar.

Já alto brilho luzia
E tudo se alumiava
Seu brilho marcou meu dia
Minha vida nova ficava
Eu o via encantada.

Amigo já me marcava
Abrigo que me acolhia
Sua luz em mim cintilava
Sem você eu nunca estaria
Eu o via marcada.

Além mais brilhou sua luz
Em mim, ardente chegava
Ardia, luz refulgente
Mais que amigo se tornava
Eu o via abraçada.

Um dia, a luz que luzia
E até já me tatuara
Do outro lado se encondia
Foi a noite que chegara
Eu o via calada.

O sol na noite se escondia
E eu, prateada ficava
A luz refulgente eu não via
Sozinha eu me consolava
Eu o via recostada.

O brilho da alegre luz
à memória ainda luzia
Ao amigo, então, me conduz
A esperança de um novo dia
Eu o vejo em minha morada.

Poema da esperança

Procuro o poema da esperança
Por todo canto dentro de mim
Nem me importo se tem mesmo rima
Nem mesmo se tem estrofes
Nem até se tem mistério
Nem que corações toque
Só quero dele a esperança
Esperança que me console
Esperança que me motive
Esperança que me transforme
Esperança que traga vida
A rede que nos envolve
E do amor perdido, a acolhida
Solução que nos contorne.

Amor perdido

Um livro de sete capítulos - perfeito -
Com sete páginas cada
Cinqüenta é o número total.

Domingo, a capa da frente
Domingo, a página final.

domingo, 25 de outubro de 2009

Do outro lado

Calando
Acalentando
Embriago o rosto
vazio molhado
tudo mudo
o mundo calado
calada me mudo
pro outro lado...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Poema egoísta

Meu peito rebenta em poema
Lágrima vertida em fúria
Meus eus se libertam ferozmente
Formando a poesia solitária

Poesia sozinha, só minha
Eu e meus eus eloqüentes
Fluência da linguagem muda
Dos meus anseios fulgentes

Minha poesia é meu ar
Do pulmão a se livrar
Eu só quero achar meu lugar
E o canto do meu amar

Não me detenham do mar
Não me privem da queda
Eu quero aprender a amar
Meu eu e um pedaço a mais

Eu quero o meu lugar
Respeito e um pouco de tudo
Meu espaço recluso

Eu quero um só amar
Teu canto mudo
Meu lugar de estar.

Canto solitário

Se te vais
Eu só fico

Desejando a paz
Petrifico

Sozinha no cais
Eu só grito



Se me vens
Fortifico

Coração e voz
Meu sorriso.

minha poesia triste

Ecoam tons menores
Eu os absorvo
Lentamente

Corpo entregue aos tons
Melancolia latente
Um ser ausente

Noite fria e quieta
Meu corpo ao chão
Silenciosamente

Mundo em redor
Meu tempo mudo
O céu à frente

Imenso azul
Estrelas dele
E eu, envolvente

Meu mundo ali
Poema assim
Que me acorrente

Tempo à parte
Parte de mim
Tristemente

Melodia de mim
Silêncio ali
Tão-somente

Céu e eu
Estrelas e eu
Eu, semente.

Papel e pena



Poeta com tudo se encanta
Detalhe bobo faz perceber
Poeta que a tudo encanta
Lança magia no viver

É a gota d'água
É o canto de boca
É a mão dada
É a voz rouca

É o pingo da chuva
É o olhar de lado
É a linha curva
É o chão molhado

É o surgir da lua
É o debruçar do mar
É a carne nua
É o espreguiçar

É a pedra no caminho
É a janela aberta
É o passarinho
É o toque de alerta

É o polegar da mão
É o cabelo despenteado
É o nascer da paixão
É o homem desempregado

É o desânimo de escrever
É o balanço na rede
É o beijo de adormecer
É a saliva e a sede.

Para um novo poema
Tudo é combustível
Ao poeta, papel e pena
E tudo ganha sentido.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Caminho

A culpa
A falha
A culpa outra vez.

O dia
A noite
O dia outra vez.

A revolta
O cansaço
A revolta outra vez.

A maldade
Pensamento
A maldade outra vez.

O pecado
A distância
O pecado outra vez.

O Caminho
os caminhos
O Caminho outra vez.

A resposta
um desvio
A resposta outra vez.

Uma guerra
Relutância
Uma guerra outra vez.

Uma luta
Militância
Uma luta outra vez.

A Palavra
à memória
A Palavra outra vez.

Uma morte
O perdão
Esperança outra vez.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Avenida

Percebo-me, de repente, no meio da rua da vida
Agitada avenida
Correndo contra o tempo
Impelida pelo som irritante da buzina
Cá estou eu
No meio da avenida.

A calçada atrás de mim
As vitrines e tudo o que eu seria
À minha frente, o tudo que eu não sei
E onde estou, onde não quero estar:
No meio da avenida.

Olho para os lados e nem sei dizer
Sinto-me criança ainda
E tenho vergonha
- de não ousar
Medo de atravessar a avenida.

Se ser adulto é tomar decisão
Tudo que sei é estar perdida.

Quem sou eu ainda?
Quem já sou nessa vida?
Outra coisa eu até diria
Se não soubesse que hoje
Eu sou apenas uma menina assustada
Perdida no meio da avenida.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

É saudade...²


Saudade da menina
Saudade da boneca
Saudade das estórias de ninar

Saudade das conversas de calçada
Do tempo em que não nasci
Das fotos amareladas

Saudade da força que eu tinha
Dos sonhos que eu tinha
Da mulher que eu construía

Saudade das horas de estudo
Dos planos de vida
Dos cuidados que eu tinha

Saudade do golaço
Do brincar de abraço
Do afundar em afago

Saudade da mão na minha
Do olho no meu
Do poema teu

Saudade de mim em ti
Saudade de mim em mim
Saudade de ti em mim

Saudade tem Quê de vontade
Vontade de completude
De um olhar sem fim...

Por ele vela

A vela do barco,
Um vento, um temporal
A vela no vento

A vela é do barco ou do vento?
O barco é do mar ou da vela?
A vela guia, via no vento

Ela vela no silêncio
Enquanto é temporal
Vela calada pelo poeta

Barcos e velas
Enquanto ela por ele vela
à forte ventania

Ela por ele vela muda
A vela acesa do amor
Coração não muda

Uma prece silenciosa
Molhada insistência
Soprando velas

Face ao temporal
Velando persiste
Pela paz ao final.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Poeta irresponsável

Dedico aos poetas irresponsáveis, como eu


Tudo o que eu vivo é um poema
Está no poema
Vive no poema
Respira do poema

Escrevo quando me inspiro
E quando não, apenas respiro o poema
E quando nem inspiro nem respiro poema
Escrevo qualquer coisa e chamo de poema

Como agora.

O mundo ao redor me convoca
Toca trombeta, chama a imprensa
O mundo precisa da minha voz, das minhas mãos, da minha
assinatura

E eu só preciso do poema

Como agora.

Escrevo qualquer coisa,
Perder o encanto é o que não quero
Escrevo em versos bagunçados
São meus versos

De agora.

Preciso sair,
o mundo real é mesmo chato
Sou poeta irresponsável
Gosto de poesia, poesia viva

Como a de agora.

Se não tenho o fim da distância
Se não tenho a rede na varanda
Se não tenho o mar em olhos
Se não tenho o poeta

Poeta serei, irresponsavelmente,

como agora.



O fim do começo

A noite é o fim do dia
Que é o fim da noite
Que é o lugar da lua
Que se esconde no Sol

O aniversário é o fim
Do tempo completado
O fim é o começo
De um outro fim

O mês completo é só o fim
Do ciclo de dias que começam
Recomeçam como sempre
Aniversário do fim

O marco do mês do sim
Diz não, enfim
não para mim
acompanhando um 'se'.

Oh no

Oh yes

Send me a song - Celtic Woman

Mande-me Uma Canção

Siga a onda agora e saiba que você é livre
Dê as costas para a terra e encare o mar
Encare o vento agora, tão selvagem e tão forte
Quando você pensar em mim, acene para mim e me mande uma canção


Não olhe pra trás quando você chegar em uma nova praia
Não esqueça a razão de você estar me deixando
Não esqueça quando você sentir muita falta de mim
O amor nunca deve segurar, abraçar apertado, mas, sim, deixar partir


Oh, as noites serão tão longas quando eu não estiver em seus braços
Mas eu estarei nessa canção que você canta pra mim
Através do oceano, de algum forma, algum dia
Você estará distante, tão distante de mim
E talvez um dia eu siga você em tudo que você faz
Até lá, mande-me uma canção


Quando o sol atear fogo na água
Quando o vento encher as velas do seu barco
Deixe o canto do pássaro no vento
Acalmar sua tristeza e solidão
E então comece a cantar para mim
Eu cantarei para você
Se você prometer me enviar uma canção


Eu caminho na praia e escuto
Escuto sua canção vir tão suave e tão clara
E a pego e respiro no vento
E dou um sorriso e canto uma canção para você
Eu enviarei uma canção para você
Cantarei uma canção para você
Cantarei para você
Se você prometer me enviar uma canção.

(Não sei por quê, mas as notas dessa música são pedaços de mim.)

A hora errada

Durmo na hora errada
Acordo na hora errada
Começo o dia na hora errada
Escovo os dentes na hora errada

Meu café é na hora errada
E faz o almoço também o ser
Fico com fome na hora errada
Ao fim do dia, procuro o que comer

Crio histórias na hora errada
Escrevo poemas na hora errada
Começo a amar na hora errada
E me despeço na hora errada

Fico sozinha na hora errada
Porque te preciso na hora errada
Eu te espero na hora errada
Vou te amar, mesmo errada...

Dois Barcos

"Quem bater primeira dobra do mar
Dá de lá bandeira qualquer
Aponta pra fé e rema"

(Marcelo Camelo)

sábado, 3 de outubro de 2009

Linguagem e despropósito

Por Renan Ramalho
um poema que me fitou


Arte pra que?
Quem come poesia?
Por que melodias?

A poesia do coração cheio
Pela arte, o estômago vazio
O traço do braço vadio
O compasso dos dedos trastejantes

Destratantes de cordas e versos
A crise alimenta a poiética
A arte se é ética ou estética,
se mescla a devaneios errantes

Inconstantes métricas dilaceradas
Dissonâncias de acordes conflitantes

Se vale ou não vale...

Se a mente tanto fala e não bate
O coração tanto treme que se mantém calado

poesia é caroço, é ação
é coração em mil decibéis
razão nos compassos binários
dos traços revoltos

couraça de ética na estética dos sentimentos
por isso linguagem
por isso humano
por isso útil


(Renan é um amigo que tenho descoberto ultimamente que, apesar de ser muito diferente de mim e, talvez, exatamente por isso, tem me ensinado muito, com sua postura, desprendimento e poesia. Admiro muito seu caráter. 'Obrigada, Renanzinho, por me ceder o poema.' Renan é autor do blog Incompleto e sem título, listado entre os meus blogs favoritos.)

Por minha doce Déia

Homenagem de Andréia Moura

Cada moda a seu ponto,
Cada ponto a sua moda,
Cada ponto tem seu tempo,
Cada tempo a sua historia.

O ponto faz a moda,
A moda vem com o tempo,
O ponto muda a moda,
E a moda muda o tempo!

Amei, doce menina. Amei.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

egoísmo

"Internet ruim, cacilda!"

Hoje, de repente, me deparo com certo comportamento. Não faz muito tempo, mudamos de internet a radio para internet ..., um tanto quanto mais rápida. A internet é maravilhosa, quando funciona. Acontece que, por ironia do destino, aqui em casa, poucas vezes ela funciona. - Ressalto que, quando ela funciona, só elogios. Xuxu-beleza. Continuamos carentes de conexão rápida. Por ser viciada em conversar via net, fico extremamente irritada quando não consigo isso. Por que sempre tem que acontecer na hora em que eu quero conversar? Por quê? Isso me irrita profundamente. Não é de irritar e entristecer quando você passa o dia inteiro esperando por um momento e, naquele momento, exatamente naquele, entra água? *Entrar água, do verbo ih,não presta mais.

Então, algo que não costuma acontecer, deu de acontecer hoje, no meio de minha irritação. Refleti sobre a modo como fico irritada quando não consigo conversar com pessoas que gosto muito pela internet e procurei pensar se alguém fazia o mesmo por mim. Daí, pensei como Deus pode também ter o mesmo sentimento por mim. Sei que Ele não sente a mesma coisa, porque não é imaturo nem sanguíneo como eu. Mas, dadas as proporções, talvez, se Ele me ama tanto, deve sentir falta de mim quando eu encho meu dia de todas as coisas que eu gosto. De algum modo, 'conversar com Ele' não está incluído nas minhas 24 horas diárias, entre as coisas que eu tenho prazer. Embora no papel, dentro de uma tabela detalhada de atividades, esteja escrito "Ler a Bíblia e orar", a partir das 7:30 da manhã, nenhum dia consegui cumprir o planejado. Isso me fez refletir... De que adianta estar no papel? Talvez não esteja no coração.

De repente, vi que meu sentimento de frustração, por mais que seja cercado de imaturidade, faz algum sentido. Não gosto de planejar conversar com alguém, esperar por alguém, ter muito a oferecer a alguém e, no final das contas, não poder encontrar com esse alguém. É ruim, é frustrante. Devo ter herdado isso de Deus. Eu sei que Ele quer me encontrar, que me ama infinitamente mais do que eu amo as pessoas com quem tanto anseio conversar, que espera por um momento a sós comigo, que tem muito a me oferecer. Mas nem sempre, ou ainda, dificilmente, estou disponível. Agora parece tão insignificante uma internet ruim... Claro que quero uma internet boa, com web cam e tudo mais que me facilite o contato com as pessoas que amo, mas... prefiro estar disponível em rede com Deus. Prefiro estar disponível.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Dicas: Sobre o amor.



Aluno: Coração

1° - Olhe sempre o outro coração, não o que está por fora.
2° - Observe intenções.
3° - Decida amar.
4° - Depois de decidir, bole um plano do amor - organize-se para produzir muito amor.
4° - Depois que se organizar, comece a amar.
5° - Ame aos poucos.
6° - Regue o amor - cuide bem do amor que está deixando brotar.
7° - Deixe o amor crescer - abra espaço para ele crescer com saúde.
8° - Ame intensamente, profundamente, dedicamente, eternamente.
9° - Desfrute de todo o bem que esse amor te faz.
10° - Depois de tudo, tente se conter, coração... Não demonstre tanto que ama, por favor...

Liberdade ao amor





Ficamos, então, assim.
À meia luz.
Daqui eu posso ver - ah, como posso...
Como brilham as estrelas
Cintila também teu olhar
Luz que me clareia.

Ficamos, então, até quando?
Porque o sol parece não raiar
E porque isso não é tão bom assim?
Que meu desejo era ver
Estrelas e seus lenços brancos no vagão
Como em despedida do luar
Convite ao sol, que viria raiar...

Pois que não desejo lua apenas
nem estrelas sós em teu olhar
Desejo raios do amanhecer
até os lenços brancos do entardecer
anoitecer e, então, estrelas
no depois e no que mais pode ser
Nos mares dos teus olhos.

Luz a toda força e limpidez
De lua, de sol, de estrelas e do que for
Meu próprio espaço
Espaço próprio de luar e de raiar
Espaço para me libertar
Minha liberdade do amor.

Coisa de filme - nem lembro qual.

"Não é que não possa viver sem você. Eu posso. Apenas, não quero fazê-lo."

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Poema de um aprendiz do descanso

Querendo recorrer ao portal do que viria
Coração-angústia apressado corria
Procurava uma saída
A chave certa, um mapa guia
Estrela no céu, placas na estrada
Bússula, setas, códigos, desenhos nas paredes
Sinais de fumaça, aviões, um farol aceso
Qualquer direção
Apoio ao meu sonho, fascinação
Querendo certezas, um lugar seguro
Coração-pressa angustiado seguia
Numa corrida sem valia
Que só seguia e seguia
Sem chegada, sem lembrança
Do ponto de partida
Querendo o porto
Só achei oceano
E oceano é oceano quase sem medida...
Querendo descanso
Coração-cansaço se entregou à Vida
Saiu de foco o que viria.
Tudo, afinal, o que coração queria
Um afago, um lugar-calmaria
Uma nuvem fofinha onde descansar.
No lugar da espera, do sonho aquietado,
O Caminho, na Verdade, é a própria Vida
Só eu não sabia, sonho terno silenciado,
Vida ensina nova rota, cada outra trilha
E tudo é novo todo dia,
Sonho sem retas, resguardado.

sábado, 19 de setembro de 2009

Sei lá o que é...

Só sei que...

quando vejo uma fotografia, meu riso se abre doce.
quando reconheço a letra, me sinto orgulhosa.
quando escuto uma música, minha memória se acende.
quando me acordo, confiro o celular.
quando releio os escritos, releio e releio e releio...
quando penso no hoje, sinto alegria.
quando penso no amanhã, sinto felicidade.
quando me deito, relembro.
quando lavo a louça, escuto "Último Romance".
quando vejo um menino levado, lembro do Zé do meu pé de laranja.
quando escuto Jota Quest, recordo.
quando escuto Ana Carolina, fico saudosa.
quando ouço Djavan, penso num amor puro, puro, puro...
quando me cubro em poesia, piso no chão de Nárnia.
quando penso em amor, construo.

e se não é, então o que é?

De acordo com Jemima...

"O amor é igual a água. Nunca se acaba. Muda de estado."

Versos perdidos

Os versos que joguei fora
Tentando fazer poesia
Ao infinito mergulharam
Poesia perdida, poesia esquecida

Tentando poeta ser
Palavras eu combinei
Ficou tudo pelo avesso
No esquecido, então, as lancei.

Por que sempre procuro o poema
Para dizer o que não sei?

Pois nem sequer o poema
Com seu poder de mestre-rei
Conseguiu entender o mistério
Que não consigo escrever.

Mestre-poema nem sempre decifra
O que no coração se entoa
E fica à mercê de outro mestre
O desafio do perceber.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

É saudade...

Mal páro p'ra pensar
Se páro, com ela me deparo
Saudade do que virá

Estática feito retrato
A memória emerge
Páro p'ra admirar

Saudade e suas artimanhas
Fico lá p'ra me reparar
Páro p'ra me sentar

Saudade faz boa sombra
Páro p'ra descansar
Reparo na cor do riacho

Saudade criou raíz
E eu, para onde?
Finjo que vou, eu aqui

Saudade é o bosque inteiro
O tudo e o pelo meio
O que me resta é sentar

Por aqui eu vou ficar
Esperar na sombra do lembrar
Lembrar o que só posso esperar

A brisa em meus pés
A terra em minhas mãos
Raízes no coração

Os olhos eu sei lá
O riacho em meus olhos
É saudade, é saudade...

Mais nada.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Paciência

Pacote de imaginação

Ela mordia gostosamente o biscoito. (Clube Social - que delícia!). Mordeu e sorriu.
-Que foi, Lavínia? - eu, curiosa pela razão do riso.
Depois de um riso sapeca, respondeu:
-Um carro! Hahá! - disse a pequena, admirando o pedaço de biscoito que lhe restara.
-Ah... -respondi observando o biscoito, tentando achar o carro no pedaço mordido.
Outra mordida e, dessa vez, surpresa:
-Ah! Hehe! Uma escada!!
E mais outra mordida:
-Ah, aquele outro era um caminhão! Agora é que é um carro! - a menina descobria.
Nova mordida, nova descoberta:
-Agora é um rostinho!
E outra:
-O que é agora? - desafiou-me.
-Hum... não sei! O que é?
-Hahá! Olhe aqui! - apontando o canto reto do pedaço de biscoito. -Não sabe? - encorajou-me.
-Não... o que é?
-Um escorrego! Não viu a escada?
Última mordida do biscoito. Acabou. Mesmo?
Que nada... ainda lhe restava um pacote inteiro de imaginação.


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sonhos

Encontrar o baú do arco-íris
Fazer anjo na neve
Saltar de pára-quedas

Dar de cara com o amor
Conhecer um anjo
Andar nas pétalas da flor

Voar na noite estrelada
Entrar num conto de fadas
Namorar um beija-flor

Entrar no castelo Ra-tim-bum
Brincar na terra dos palhaços
Fazer um passe de mágica

Ser criança de novo
Ver minhas bonecas vivas
Ter amigas árvores

Cair de um pé de manga
Nadar e encontrar Ariel
Entrar no castelo da Faber Castel

Piscina de chocolate
Conhecer João e Maria
E entrar na casa de doces

Descobrir quem é Dona Fianga
Das estórias do meu pai
Ser amiga da infância.

Deitar em nuvem de algodão
Roubar estrelas do céu
Ouvir uma celestial canção

Abraçar um urso panda
Ver Jesus na manjedoura
Entrar numa concha e cantarolar

Acordar em outro país
Trocar de nariz
Moedas mágicas no chafariz

Conhecer a vila do Chaves
Entrar num corpo humano
Dar uma volta ao mundo

Andar num elefante
Nadar num golfinho
Ser um passarinho

Voar num unicórnio
Ter meu próprio cavalo
Ver um mundo igualitário

Andar nos raios do Sol
Entrar num guarda-roupa mágico
Tocar piano num grande recital

Conhecer um fauno
Tocar gaita
Andar no trenó de Papai Noel

Ter chaminé numa casinha
Perto das nuvens do céu
Lá em cima das montanhas

Ter um tapete bem fofão
Encontrar meu grande amor
Passar camisas de botão

Abolir a escravidão
Brincar com o pó da Sininho
Acabar com a poluição

Restaurar a Amazônia
Limpar todos os riachos
Morar num país africano

Um poema verdadeiro
Um arco e flecha
Atirar golpe certeiro

Animais que falem comigo
Abolir a distância do mundo
Adotar um menino

Um poema mágico
Um poema que seja real
Uma vida que não seja tão normal.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

De dentro

Do que me curo?
Coração-anseio
Oração-desejo
E do medo.

Cores-laçadas
Pincéis-passados
E dos dias atrás.

O agora-inseguro
O ontem imaturo
O depois e o sei lá.

Exponho-me
Lagri
mas
tenho medos
zas e monstro[s
olidão do oce[ano
que vem
outros tantos
dias de hoj[eu
vivo os tantos
de agora.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Amorelinha

Amorelinha, amorelinha
Primeiro joga uma pedrinha
Pode ser você primeiro
Pode ser também eu
Joga uma pedrinha, uma só
Amorelinha

Salta, lança coragem
Sem medo de errar o passo
Amorelinha é coragem
Para saltar errado
Amorelinha é atitude
De pular mais um quadrado
Amorelinha

Respeitando a linha
Segue adiante
o amor na linha
a linha distante
de salto em salto
seguindo confiante
doce amorelinha

duas, três, quatro
ou quanto mais
o tanto necessário
amorelinha passa saltando
pedrinha em pedrinha
na brincadeirinha
amorelinha minha

nove? e o que vem em seguida?
quem sabe? quem sabe?
onde estará a pedrinha?
se não for, volta pra linha
placar zero a zero
e tudo reinicia
ôoo amorelinha!

e o que me faz saltar de alegria?
frio na barriga
é o lugar da pedrinha
pode ser fora ou dentro
e eu quero mesmo é brincar
de saltar na pedrinha
do amorelinha

Minha pedrinha, hora dessas
Cai no CÉU de alegrias
e o amorelinha
vira o mundo mais real do mundo
no mundo das nuvens
do amor sem linhas
sem medidas e pedrinhas
doce amorelinha.

Doce do andar ao lado

Eu vou no meu passo
Sem cansaço
Lançando flores por onde eu passo
E não canso de mil abraços
Não canso
É meu compasso

Se encontro o outro
outro passo acho
compassado, repassado
distraído, observado
Meio cansado, reprimido
É seu compasso

Se distante ou se disperto
Diz perto estar
Desperto devo eu estar
abarcando novo ritmo
E a melodia entoar
De um novo passo

Passo seguido, pensado
Suado de andar ao lado
Tem de ser medido, esperado
Para lado a lado andar
Novo compasso, nova música
Tem de ser resguardado

E conservar a doçura.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

As duas coisas andam juntas.

Desde que eu me entendo por gente, eu tenho escutado sobre a dificuldade de amar. Você também deve ter ouvido, principalmente se você é cristão, coisas do tipo "Ah... mas esse é o desafio: amar ao próximo como a si mesmo." ou talvez "Você precisa, por mais difícil que seja, amar seus inimigos!".

Quando eu me metia em confusão com meus irmãos, o que eu ouvia, depois da palmada, era sempre algo semelhante a: "Você precisa amar seu irmãozinho...". E depois que a gente entra na escola, a gente é estimulado a amar a professora e tratá-la bem, e a amar os coleguinhas e não revidar na hora da briga, mas perdoar e dizer a professora o que de fato aconteceu na confusão. (Bom, pelo menos foi isso que meus pais ensinaram.).

A medida que fui crescendo, o desafio de amar foi ganhando novas formas: "Eu sei que sua amiga fez isso com você, mas você precisa ainda assim amá-la...". E depois dos meus 18, o desafio era lançado assim: "Você não gosta dele ainda, mas com o tempo, vai aprender a amá-lo.". Ou assim: "Abra seu coração para o amor!"

Mas aí é que está. Eu acho que a maioria das pessoas que me aconselharam foram motivadas pelas melhores intenções ao me dirigirem tais estímulos ao amor mas, por outro lado, penso que, ainda que sem perceber, acabaram por me lançarem um discurso um tanto que... programado, pronto. Será que não poderiam ter notado que eu só sabia amar?

Engraçado... Hoje, olhando para trás, percebo que não fui mesmo ensinada foi a ser amada. Caramba! Para mim, esse é um desafio muuuuuuuuito maior! Eu só fui ensinada a amar! Já me disseram uma vez que eu levo as coisas muito a sério. Vai ver tem disso também. Fui tão estimulada a amar que achei que a vida fosse só isso. Vai ver tem um tanto também de mim nisso tudo. Eu descobri como é bom amar. E não dá vontade de fazer outra coisa além disso.

Mas a vida exige um equilíbrio entre amar e ser amado. Talvez seja por isso que quase sempre, quando se trata de amor, minha história manca. Eu só sei amar. Que coisa... Minhas amigas costumam ter dificuldades em amar. Não sabem demonstrar, não costumam tomar iniciativas, tem receios e, mesmo que sem querer, jogam - ainda que percam no final - o jogo do amor. Eu, sinceramente, nunca entendi como é que elas têm dificuldades com isso! Para mim, sempre foi tão fácil... Eu não meço espaço, nenhum centímetro sequer. Eu saio amando e amando e a balança vai só despencando, despencando...

A questão é que, como bom ser humano que sou, tenho de admitir que eu preciso também ser amada. E as pessoas querem me amar. Mas eu não deixo! Pode? Eu quero amar e pronto! Mas que loucura... Respeitar o espaço do amor do outro é uma arte. É meu desafio. Tenho que comprar uma coleira para o amor que mora em mim. Se não, ele não respeita os outros amores...

Acho que as pessoas, quando forem aconselhar, deveriam observar bem quem lhes pede ajuda. Se é alguém que ama muito, aconselhem que aprenda a ser amado (a). Não deixem mais ninguém passar pela vida sem aprender a ser amado, ora!

Talvez, aprendendo a ser amada, eu descubra que meu amor até agora era uma criança apenas. Quem sabe, se eu aprender a acolher o amor do outro com confiança (porque, confesso, às vezes tenho medo de esse amor não vir...), eu veja o meu amor crescer ainda mais! Talvez o amor daqui de dentro aprenda a viver sem coleira - e sem despencar na balança! Talvez a amar e ser amada seja aquilo que me torne mulher e não mais criança. Talvez a arte de ser amada torne tudo o mais na minha história como um colorido arco-íris e não como uma folha toda borrada de tinta, jogada sem medidas e sem planos - às vezes é a imagem que eu tenho do desenho que faz o amor que mora em mim (ele lança todas as tintas de uma vez e fica uma coisa sem noção de espalhafatosa!).

Ser amada por Deus, pela família, pelas amigas, pelo... bom, por quem quer que seja, é um desafio que se lança com todo vigor para mim! Aceitar que sou aceita por Deus, que Ele me ama independente do que eu faça é um suplício! A graça é tão arrebatadoramente amável que eu fico indignada porque meu amor nunca vai conseguir alcançar nem metade do amor de Deus por mim... E eu, que só sei amar, tenho dificuldades de ser amada por Deus... Ser amada pela família é um desafio porque mal consigo perceber as iniciativas de amor quando meus pais ou irmãos renunciam algo por mim ou me fazem um agrado por amor. Só vejo o que EU faço por eles... Ser amada pelas amigas é deixá-las me fazer favores, surpresinhas ou mesmo aceitar dinheiro emprestado! EU quero emprestar sempre (talvez eu me sinta melhor assim...). Aceitar ser amada pelo "outro" é dar espaço para a saudade e para as iniciativas, deixar que me amem...

É... ao final desse texto, percebi algo muito importante. Deixar que os outros me amem é um sinal de amor por eles. É amá-los e me compadecer de seus espaços e tempos. É dar-lhes liberdade. Quero aprender a amar, deixando que me amem... Como um casal que anda de mãos dadas com os pés na areia da praia... parece que amar e ser amada são duas coisas que andam juntas, assim...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Mimi (Parte 2)

..."LUDIMILA!" - gritou a tia Marta, batendo o pé à porta do quarto escondido, ao ver a pequena arteira no vai-e-vem da cadeira. Tia Marta costuma ser um tanto nervosa por natureza. E ao ver a pequena ali, então, não pôde se conter. Acontece que quando a menina Mimi ouviu o grito estridente da tia, esparramou-se por cima da velha estante e, em poucos instantes, estava escondida debaixo de um mundo de enciclopédias, dicionários e aventuras fantásticas.

Antes que se pusesse aos prantos e que a tia lhe desse a devida 'recompensa' por sua astúcia, a espertinha escondeu rapidamente uma aventura no bolso grande do vestidinho florido que sempre usava. E só então, desatou a chorar:

- Buáa, buáaa! Está doendo, titia, está doendo!

- E o que esperava, dona Ludimila? Que lhe fizesse cócegas tanta travessura? - disse a tia enquanto encontrava o bracinho da pirralha entre os livros empoeirados. - Vamos, vamos! Levanta, danada!

- Ai, titia, não briga comigo, tá dodói! - dizia a pequenina entre soluços e mais soluços de um choro aflito.

- É sua danação que dá nisso! Já pro canto! Vamos, vamos! Não saiará de lá até segunda ordem! - carregava a menina pelos braços, à força, até o canto do último quartinho, onde se encontrava a velha máquina de costura da tia Doca - a doce e velha tia Doca, que só não era mais gentil e inocente por ser apenas uma. Uma velhinha muito simpática, muito amável - não tinha quem não gostasse da tia Doca...

E lá ficou sentada no chão a pequena e atrevida Mimi, esperando a segunda ordem da tia Marta, aos soluços, numa complicada mistura de dor, humilhação, raiva e... sono - claro! O que queriam? Era hora de "jiboiar", e todo mundo sabe que criança de 6 anos gosta de dormir na rede depois do almoço, ora.

Soluço vai, bocejo vem, bocejo vai, soluço vem... e... AHÁ! "O LIVRO!" - lembrou-se a pequenina! E foi quando tirou do bolso florido aquele livreto-aventura! "Não deve de ser tão ruim assim ficar aqui no canto..." - consolou-se a menina. "Pelo menos, tenho uma coisinha pra fazer! Tia Marta vai ver que eu vou ser gente importante, que nem o vô!" E os soluços já tinham diminuído quase por completo quando a pequenina aventureira se percebeu admirando o título do livro. Dá para imaginar o tamanho da ansiedade da pequena por sua primeira empreitada no mundo mágico das palavras?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Mimi (parte 1)

Ela subia afoitamente na cadeira envelhecida do vô Chico, ansiosa por começar sua nova empreitada. A pequena Mimi ouvira uma conversa de gente grande na cozinha e, embora ela não soubesse precisamente a pauta principal da prosa, prestara atenção em algo que a tia Marta falara.

A tia havia dito algo mais ou menos assim: "Nesse mundo, só é gente importante e de valor mesmo quem lê, e quem lê muito." Falavam sobre o pomposo Ernesto Cardoso, o novo banqueiro que chegara por aquelas bandas, exibindo luxo e intelectualidade. Mas a pequena Mimi não precisava saber do que se tratava tanto falatório. Só ecoava na fértil mente a idéia de ler.

Ela achava tão engraçado quando o vô Chico gargalhava lendo sozinho na cadeira velha de balanço! "Então, deve ser por isso - pensou a pequenina - que todo mundo diz sim para o vô. Ele deve de ser gente importante, porque vive lendo no quartinho lá atrás...". Ora, a menina que muito esperta era, pensou que também queria ser gente importante e de valor e resolveu se atrever.

Ah, mas antes de seguir com essa história, deixe-me explicar por que Mimi e não outro nome. Seu nome, na verdade, é Ludimila. E quase todo mundo - com excessão do vô Chico, que sempre a chamou pelo nome - a chamava de Lulu. Até que a pequena completou seus seis anos e embirrou que queria ganhar uma gatinha e colocar o nome dela de Mimi. A gatinha Mimi veio, mas, com pouco tempo, fugiu de casa - pelo menos, foi o que contaram para Mimi. E Mimi - a menina - ficou tão tristinha e com tanta saudade que resolveu chamar a si mesma de Mimi. E ai de quem não a chamasse assim. Só perdoava mesmo o vô Chico - "afinal" - pensou ela - "ele é mesmo gente importante. Vai me chamar como quiser. Mas só ele."

E lá estava a pequena atrevida, num vai-e-vem em cima da cadeira do vô Chico, de ponta de pé, em um esforço suado, catando na estante do último quarto uma aventura... um passeio... palavras mágicas que lhe fariam importante... e mal sabia ela...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Argh... calando...



A ausência de ruídos,
de agitos, de movimentos,
o acalento dos Braços,
dos Abraços.
O silêncio que convida à vida,
revida
ainda com outros silêncios.
Silêncio de fora e de dentro,
sonolento, descansado...
nunca todo controlado...
quase sempre incomodado...
inquieto, angustiado,
mas sempre calado...
calando...
até adormecer...
e se perceber perdidamente achado...
Em Nárnia.

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