sábado, 26 de fevereiro de 2011

Conselho II

"Há três coisas que são maravilhosas demais para mim, sim, há quatro que não entendo: o caminho da águia no céu, o caminho da cobra na penha, o caminho do navio no meio do mar e o caminho do homem com uma donzela."
Provérbios 30.18,19


Não me digam que o amor não existe. Não me digam que pessoas são números. Não me digam que tristeza vem e vai. Não me digam nada que não sabem. Não me contem nenhuma mentira, porque mentira não alivia nada. Não me contem fábulas românticas, não me importunem com ilusões. Não me amem sem amar. Não me falem sem pensar. Não me escondam a verdade. Não me dêem nada pela metade. Não me aconselhem. Não me consolem.

Mas se quiserem fazer mesmo alguma coisa,
não me abandonem. Só.

Conselho

Se você não tem nada a dizer, não diga nada.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

---Por Cecília

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

SONETO ANTIGO

Por Cecília Meireles

Responder a perguntas não respondo.
Perguntas impossíveis não pergunto.
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Motivo

Por Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

A Poesia de Meireles

Se existe uma poesia com a qual me delicio e na qual encontro muito do que sou, essa tal é a poesia de Cecília. Abro uma pausa para compartilhar com vocês alguns dos poemas desta tão consagrada escritora.

Deliciem-se.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Nevoeiro

Névoa entrementes
Silencia entre as mentes
O que, afinal, seria
Do amor, semente.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sacio. negado.

A sede de um poema me consome.
Luto constantemente contra a poesia desvalida
Que arquiteta me envergonhar
E tem planos de tirar meu sossego
Expondo e ridicularizando o que sou
O que sinto
O que ferve em meu peito.

A sede de um poema me consome.
Quer acabar com a dor.
Promete-me alívio
Mas, não me engana:
Alívio que seca como flor.

A sede de um poema me consome.
O silêncio clama do outro lado do rio.
E eu escrevo poesia apenas para mostrar
Que o poema ficará sem mim
Sem fragmento algum da minha dor.
Hora e vez do silêncio.

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