sábado, 1 de outubro de 2011

Pollyana



A menina segurou o candelabro com ambas as mãos e o trouxe até à cama com mil cuidados. Pendleton foi então, destacando os pingentes e depondo-os sobre o travesseiro até formar uma dúzia.
- Agora, minha cara, leve-os e pendure-os no fio. Se realmente deseja viver num mundo de arco-íris, vai tê-lo já.
Só depois que Pollyana pendurou o quarto é que notou o que sucedia, e tão excitada ficou que as mãos lhe tremeram e foi com dificuldade que pendurou os demais. Mas completou a obra e recuou dando gritos de alegria.
O aposento se transformara num sonho de conto de fadas. Por todos os lados luzes que dançavam, vermelhas, azuis, verdes, roxas, alaranjadas, cor de ouro - pelas paredes, pelos móveis, pelo corpo de Mr. Pendleton.
- Oh, oh, oh, que maravilha! Estou vendo que até o sol quer jogar o jogo do contente, não vê? exclamava a menina delirante, esquecida de que o homem nada sabia de tal jogo. Que bom se eu possuísse uma porção destes geniozinhos de cristal, para dá-los a tia Polly, a Mrs. Snow e a tanta gente mais! Como haviam de ficar alegres! Até tia Polly era capaz de ficar contente a ponto de bater três portas, ela que jamais bateu uma só. Viver dentro dum arco-íris assim!...
Pendleton sorria, enlevado.
- Pelo que conheço de sua tia, Pollyana, suponho ser necessário algo mais que uns pingentes ao sol para fazê-la bater portas! Mas que quer dizer o tal jogo?
- Ah, esqueci-me que o senhor não o conhece ainda.
- E por que não me ensina?
Chegara o momento. Pollyana contou a história toda, a partir das muletinhas que vieram na barrica em vez de bonecas, e tudo contou sem olhar para o ouvinte, tanto lhe prendiam os olhos aquelas luzes coloridas.
- Pois é só isso, disse ao terminar - e agora o senhor poderá compreender a minha ideia quando disse que o sol estava também a jogar o jogo do contente.
Fez-se um momento de silêncio; ao cabo a voz do homem ressoou, fraca e comovida.

(Pollyana, p.111)

Pollyana foi um livro escrito por Eleanor H. Porter,
nos Estados Unidos, 
publicado em 1913,
e considerado um clássico da literatura infanto-juvenil. 

2 comentários:

  1. Quem não se contagia com o 'jogo do contente'?! Ah se tivesse uma Pollyana dentro de cada um de nós... ;)

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  2. Quanta felicidade me vêm relembrando minha infância quando li Pollyana. Que meiguice a sua nos fazer lembrar de tal preciosidade. Meu carinhoso abraço e uma semana cheia de brilho de felicidades. Luciana Goyaz.

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