quarta-feira, 19 de agosto de 2009

As duas coisas andam juntas.

Desde que eu me entendo por gente, eu tenho escutado sobre a dificuldade de amar. Você também deve ter ouvido, principalmente se você é cristão, coisas do tipo "Ah... mas esse é o desafio: amar ao próximo como a si mesmo." ou talvez "Você precisa, por mais difícil que seja, amar seus inimigos!".

Quando eu me metia em confusão com meus irmãos, o que eu ouvia, depois da palmada, era sempre algo semelhante a: "Você precisa amar seu irmãozinho...". E depois que a gente entra na escola, a gente é estimulado a amar a professora e tratá-la bem, e a amar os coleguinhas e não revidar na hora da briga, mas perdoar e dizer a professora o que de fato aconteceu na confusão. (Bom, pelo menos foi isso que meus pais ensinaram.).

A medida que fui crescendo, o desafio de amar foi ganhando novas formas: "Eu sei que sua amiga fez isso com você, mas você precisa ainda assim amá-la...". E depois dos meus 18, o desafio era lançado assim: "Você não gosta dele ainda, mas com o tempo, vai aprender a amá-lo.". Ou assim: "Abra seu coração para o amor!"

Mas aí é que está. Eu acho que a maioria das pessoas que me aconselharam foram motivadas pelas melhores intenções ao me dirigirem tais estímulos ao amor mas, por outro lado, penso que, ainda que sem perceber, acabaram por me lançarem um discurso um tanto que... programado, pronto. Será que não poderiam ter notado que eu só sabia amar?

Engraçado... Hoje, olhando para trás, percebo que não fui mesmo ensinada foi a ser amada. Caramba! Para mim, esse é um desafio muuuuuuuuito maior! Eu só fui ensinada a amar! Já me disseram uma vez que eu levo as coisas muito a sério. Vai ver tem disso também. Fui tão estimulada a amar que achei que a vida fosse só isso. Vai ver tem um tanto também de mim nisso tudo. Eu descobri como é bom amar. E não dá vontade de fazer outra coisa além disso.

Mas a vida exige um equilíbrio entre amar e ser amado. Talvez seja por isso que quase sempre, quando se trata de amor, minha história manca. Eu só sei amar. Que coisa... Minhas amigas costumam ter dificuldades em amar. Não sabem demonstrar, não costumam tomar iniciativas, tem receios e, mesmo que sem querer, jogam - ainda que percam no final - o jogo do amor. Eu, sinceramente, nunca entendi como é que elas têm dificuldades com isso! Para mim, sempre foi tão fácil... Eu não meço espaço, nenhum centímetro sequer. Eu saio amando e amando e a balança vai só despencando, despencando...

A questão é que, como bom ser humano que sou, tenho de admitir que eu preciso também ser amada. E as pessoas querem me amar. Mas eu não deixo! Pode? Eu quero amar e pronto! Mas que loucura... Respeitar o espaço do amor do outro é uma arte. É meu desafio. Tenho que comprar uma coleira para o amor que mora em mim. Se não, ele não respeita os outros amores...

Acho que as pessoas, quando forem aconselhar, deveriam observar bem quem lhes pede ajuda. Se é alguém que ama muito, aconselhem que aprenda a ser amado (a). Não deixem mais ninguém passar pela vida sem aprender a ser amado, ora!

Talvez, aprendendo a ser amada, eu descubra que meu amor até agora era uma criança apenas. Quem sabe, se eu aprender a acolher o amor do outro com confiança (porque, confesso, às vezes tenho medo de esse amor não vir...), eu veja o meu amor crescer ainda mais! Talvez o amor daqui de dentro aprenda a viver sem coleira - e sem despencar na balança! Talvez a amar e ser amada seja aquilo que me torne mulher e não mais criança. Talvez a arte de ser amada torne tudo o mais na minha história como um colorido arco-íris e não como uma folha toda borrada de tinta, jogada sem medidas e sem planos - às vezes é a imagem que eu tenho do desenho que faz o amor que mora em mim (ele lança todas as tintas de uma vez e fica uma coisa sem noção de espalhafatosa!).

Ser amada por Deus, pela família, pelas amigas, pelo... bom, por quem quer que seja, é um desafio que se lança com todo vigor para mim! Aceitar que sou aceita por Deus, que Ele me ama independente do que eu faça é um suplício! A graça é tão arrebatadoramente amável que eu fico indignada porque meu amor nunca vai conseguir alcançar nem metade do amor de Deus por mim... E eu, que só sei amar, tenho dificuldades de ser amada por Deus... Ser amada pela família é um desafio porque mal consigo perceber as iniciativas de amor quando meus pais ou irmãos renunciam algo por mim ou me fazem um agrado por amor. Só vejo o que EU faço por eles... Ser amada pelas amigas é deixá-las me fazer favores, surpresinhas ou mesmo aceitar dinheiro emprestado! EU quero emprestar sempre (talvez eu me sinta melhor assim...). Aceitar ser amada pelo "outro" é dar espaço para a saudade e para as iniciativas, deixar que me amem...

É... ao final desse texto, percebi algo muito importante. Deixar que os outros me amem é um sinal de amor por eles. É amá-los e me compadecer de seus espaços e tempos. É dar-lhes liberdade. Quero aprender a amar, deixando que me amem... Como um casal que anda de mãos dadas com os pés na areia da praia... parece que amar e ser amada são duas coisas que andam juntas, assim...

4 comentários:

  1. Amar não é um desafio, é viver. Mas, não se preocupe tanto com isso. Não se cobre tanto. Você não precisa aprender a receber amor, pelo menos comigo eu sempre percebo o carinho com que você recebe tanto o meu quanto o amor dos que vejo se manifestarem a você.
    Talvez você precise aprender que amar menos pode ser amar melhor. Afinal, Herbet Viana já cantava em 1982 que "às vezes o covarde é o que não mata; às vezes, é o infiel que não trai. Às vezes bem-feitor é quem maltrata." E é só às vezes mesmo.
    Dar um cano em alguém. Não fazer pelo outro o que facilmente poderia ser feito. Recusar um presente ou um agrado. E até rir ironicamente quando ouvir alguns "eu te amo". Tudo isso pode fazer melhor a quem você ama do que o contrário... ÀS VEZES!
    "mas não me negava nada e, assustada, eu disse NÃO." (CHico Buarque)

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  2. algum poeta ja disse que o amor é um 'n sei o quê' que nasce 'num sei como' .. ou ainda: 'o amor eh uma flor rocha que nasce no coração do troucha" kkkk

    n creio tanto em nenhuma das duas frases por mais bizarramente (?) realistas que sejam.

    amar eh construir.
    isso ninguem pode negar, ainda que nao percebam.

    ja q eh construção é preciso saber a hhora de por mais ou menos cimento, mudar os tijolos, e até demolir tudo e recomeçar.

    amar d+ é loucura
    amar d- é frieza.

    equilibrio e amor andam juntos.
    só digo uma ultima coisa:
    amar deve ser bom, pq ate pobre ama!!! kkk

    (***)

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  3. oi prima linda esse texto é bem parecido oque eu sinto eu gostei muito!!! bjao to com saudades

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  4. engraçado... eu nunca tentei não revidar quando eu brigava na escola...

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