quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Reflexo roto

Hoje eu vi meus poros abertos na face do espelho. Eu senti falta do meu cabelo cacheado e me dei conta que minha sobrancelha está desfeita há meses. Hoje eu vi a verdade das minhas falsidades. Meu cabelo é loiro tinto e eu não tenho mais o mesmo rosto de antes. Só meus óculos que não mudaram de formato. Hoje eu vi que eu não faço minhas unhas desde a última estação - e elas crescem desorganizadamente. Eu lembrei o porquê de eu dormir na cama de baixo: é que eu não preciso arrumá-la - só arrastá-la pelas rodinhas. Hoje eu comprei um livro de Fernando Pessoa - e descobri porque eu não sou intelectual. Hoje eu tive vontade de ser intelectual. Eu tive vontade de arrumar a cama, ler livros, cortar as unhas, ter meus cachos de volta - e mudar o formato dos meus óculos. Hoje eu me enxerguei no espelho - e até falei de mim no telefone com a minha amiga irmã. Hoje eu dei de cara com a minha solidão - e com as culpas que admiti partes do cenário desse meu reflexo roto no espelho. Hoje eu tive vontade de, com menor crueldade, ser autenticamente eu.


4 comentários:

  1. Sê o que és,
    a aparência é como
    um reflexo roto no espelho.


    Muito bom.

    Beijo carinhoso.

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  2. Ola
    nossa que texto espetacular!!!
    Você é escritora?
    Gostei muio mesmo...
    É maravilhoso tudo que escreve...
    Tem espontaneidade e simplicidade nas palavras, ao mesmo tempo que conseguem atingir profundamente...
    Parabéns!
    Seguindo-te!
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    Beijos querida.
    CLUBE DOS NOVOS AUTORES.

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  3. "Hoje eu tive vontade de ser intelectual"
    você já é, ja faz parte disso, por isso a angústia do texto, só os intelectuais são angustiados

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