Cruzando o tempo, daqui se vê
Muito negreiro vendendo o que
traz escondido em seu mau querer
áfricos, tráficos, vida e ser
Varando as ondas, escuto a dor
Feito um lamento: ai, meu Senhor!
Onde a razão trata do furor
Canta a vingança da clara cor
Por todo o mar, liberdade
Há muito tom de verdade
Cada lugar do oceano
Faz onda como desejar
Todo escravo é desejo a fim
De espaço aberto de além de si
Vive na espera de ser feliz
Na volta à terra de seu país
Toda corrente é quimera só
De quem pretende guardar a nó
A força, viva de um ser menor
À força, a vida de um ser melhor
Todo negreiro é navio mercê
de muitas ondas
de outro querer
Quem prende alguém
a qualquer dever
Torna-se escravo até sem saber
Quem é mais livre: corrente ou pé?
Mordaça, voz, sombra ou luz até
Eis o silêncio a resposta é:
Livre é quem vive de fé em fé
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Lança uma flor ou uma flecha. Só não passes por aqui sem deixar-me um pouco de ti.