Hoje eu preciso escrever duas vezes, pra dizer, em prosa mesmo, o que muito melhor diria se poeta fosse. Na verdade, nem sei se digo, se penso, se lembro apenas, se nem mesmo isso. É só pra falar de um tal balão que eu perdi... Eu voava nele, gostava de ver o arco-íris, de passear entre as árvores do bosque e de ver as pessoas lá em baixo se movimentando como num engraçado formigueiro. E eu no meu balão. Era tão bom! Era eu quem estava no balão, voando, deslizando, sentindo a brisa fazer voar os meus cabelos... Ah, era um tempo bom, sabe... Esse balão me fazia voar noite e dia pelos lugares que eu queria... Uma das coisas que eu mais gostava desse meu balão era quando ele me levava, nas noites frias, lá pra África... ah, era tão lindo, sabe... lá na África, eu e meu balão voávamos bem lentamente pra ver o céu estrelado! Na região em que a gente passeava (era a que eu mais gostava), não tinha prédios, nem muitas luzes como a gente vê por aqui. Então, a luz das pequenas estrelas ficavam tão evidentes! Eram tantos brilhinhos piscando no céu... e eu ficava lá, encantada, olhando para o céu cintilando, contando as estrelas e ouvindo [você sabe quem?] (mas depois descobri que ele não estava lá) me explicando as histórias das constelações, do povo de antigamente... falava de Abraão, de Deus... e depois, a gente ficava mudo, contemplando os brilhantes do céu... Bons tempos, quando eu passeava de balão... Via cores, conhecia tantos lugares... Mas destruíram meu balão...! E agora, eu só piso no chão... Depois que perdi meu balão, foi que eu soube. Era sempre e sempre apenas um balão. Não havia quem me falasse das constelações. Coisa da imaginação. Meu balão... ah... meu balão... saudades do meu doce balão...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Lança uma flor ou uma flecha. Só não passes por aqui sem deixar-me um pouco de ti.